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São Vicente / SP , 14 de março de 2025.
Quanto mais pessoas divulgarem, outras salvarem e também divulgarem, mais as imagens e acontecimentos históricos serão preservados. Aqui, minha contribuição e das fontes colaboradoras para que isso aconteça. – Jorge S. Filho
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21/01/2017
Reminiscências
REMINISCÊNCIAS VICENTINAS



 

A Vila Afonsina,
naquela época, tinha um precário meio de condução entre Santos e São Vicente, “o troley” e “a caleça”( Carruagem de tração animal (cavalo) montada sobre quatro rodas, tendo à frente um assento de encosto móvel e atrás uma capota conversível; caleche.) que transitavam pela praia via “Boqueirão da Barra”, ou pela Velha Estrada Provincial (Caminho de Dentro) que passava pelo Sítio dos Erasmos, Taxinho, São Jorge, Voturuá e Caneleira. A vila de São Vicente que ainda conservava as suas características coloniais, era constituída apenas pelas seguintes vias públicas: Rua Direita (hoje rua XV de Novembro), uma via estreita, com um punhado de casas, com grandes  beirais , portas e janelas toscas. Largo da Matriz (ex-Largo Santo Antonio, hoje Praça João Pessoa), onde se achava erigida a “Casa de Câmara e Cadeia” e vestígios das ruínas do “Convento de Santo Antonio”, que nos tempos coloniais, serviu de “Casa do Conselho”; Rua do Porto (hoje Rua Marquês de São Vicente), onde residia a maioria dos pescadores; Rua da Praia (hoje Rua Padre Manuel), que atravessava a atual Praça 22 de Janeiro, terminando no jundu, no canto da Biquinha; Rua dos Velhacos (ex-Rua Conselheiro Nébias, hoje Rua do Colégio). A histórica Biquinha, que também era chamada “Fonte dos Jesuítas”, já fornecia à população vicentina água potável e, do lado esquerdo havia uma nascente em forma de cachoeira onde as famílias mandavam suas escravas lavar a roupa branca. A água era fornecida à população mais abastada, por uma pipa conduzida em carroça, sendo vendida a três vinténs cada barril. O líquido, entretanto, jorrava dia e noite, à disposição dos interessados. Naquele tempo, poucas eram as famílias de destaque que moravam em São Vicente, e existiam apenas duas escolas primárias, uma destinada ao sexo feminino, instalada na sacristia da igreja, regida pela Padre Antonio Santana, então vigário da paróquia, a outra, para o sexo masculino, instalada em um velho prédio na então Rua da Praia (hoje Rua Padre Manuel), regida pela professora Dona Mafalda, irmã do mestre Tomaz Antonio de Azevedo, pai de Antonio Militão de Azevedo.


O professor foi avô do Ex-prefeito Tércio Garcia.



CAMINHO PARA A PRAIA GRANDE
Antes da Ponte Pênsil, via obrigatória para se chegar às atraentes praias, o serviço de travessia do Mar Pequeno era feito por canoas e umas poucas balsas, que partiam, quando da maré alta, de um simulacro de porto, a que alguns degraus de pedra facilitavam o acesso. localizado onde hoje se acha o Grupo Escolar “Raquel de Castro Ferreira”. No refluxo da maré, o embarque então, era feito no Paquetá (Jardim ainda existente, hoje, ao lado do extinto restaurante Mar & Bar.
Mais tarde, esse meio de locomoção passou a ser feito por lanchas a querosene e depois a gasolina, por iniciativa de Luiz Pinto de Amorim, que mandou construiu, à suas expensas para uso próprio, um cais, não muito extenso, porém sólido, e que logo depois franqueou a todos quantos dele precisassem fazer uso. Tomou-se de grande utilidade este local de atracação. Eram mantidos permanentemente do lado de cá, dois canoeiros e do lado de lá, também.
 




 
O PROGRESSO ACABOU COM O MEIO DE VIDA DE MEU AVÔ
Meu avô, Ayub Elias Simão, um sírio de Douma (hoje no Líbano),  aos 12 anos, em 1890, (com o irmão João Elias Simão Chalhoub de 23) , desgarrou-se de sua terra natal e veio para o Brasil clandestinamente em um navio radicando-se em São Vicente. Adulto, em 1898 casou-se com Maria Amélia da Costa de 18, filha de Germano Francisco da Costa (que instalou as primeiras luzes com lampião, em SV) e Francisca Cândida de Oliveira Costa. Foi um dos barqueiros do transporte marítimo entre São Vicente e Praia Grande conforme matéria acima, “até quando veio o progresso, em 1914”, com a inauguração da Ponte Pênsil. O casal teve 14 filhos, dos quais: Cândida, Cacilda, Julieta, Zelma, Yolanda e Adib, faleceram ainda pequenos. Os 8 que sobreviveram, Maria, Elias (que foi soldado constitucionalista - foto abaixo), Jorge, Hildebrando, Cartum, Ayub,  Syrio e Helena, casaram-se, tiveram muitos filhos, netos e bisnetos na casa anteriormente Nº 5 da Av. Capitão Mor Aguiar (a primeira casa à esquerda na imagem abaixo).
 



JSF


MATADOURO MUNICIPAL
É interessante saber que São Vicente, nem sempre teve o fornecimento de carne fresca provido de Santos. A nossa terra possuiu, durante bastante tempo, o seu matadouro próprio, construído em 1891 por Luiz Pinto de Amorim e Jacob Emmerick.  Edificado segundo os preceitos da época, dispunha de mangueira com capacidade para 50 bois, compartimento de seringa, sala de sangria, tiragem de couro e esquartejamento, dois grandes fogões com tachos para limpeza das vísceras, dependências para administração e outras. O gado abatido era examinado por um veterinário. Os animais quando chegavam ao matadouro, eram mantidos em descanso em pastos no Voturuá e na Av. Antônio Emmerick. O matadouro foi construído nas imediações do porto Tumiarú, onde aproximadamente hoje está a Escola República de Portugal.
 
  


TERTÚLIAS MUSICAIS
A saudosa pianista Sra. Mafalda Medeiros de Albuquerque, de tradicional família paulista, que por muito tempo viveu em São Vicente, promovia habitualmente reuniões musicais em sua residência. Sempre que Eduardo Souto vinha rever amigos em sua terra natal era ele figura das mais requisitadas mercê de sua simpatia pessoal e talento artístico. A casa em que viveu D. Mafalda já não mais existe. Ficava na Rua Visconde Tamandaré, próxima à Rua Frei Gaspar, junto à Esquina da Saudade, nas imediações de onde hoje está instalada a fábrica de vidros.

GERALDO ALBERTINE
Um artesão que divulgou nossa cidade no Brasil e no mundo.
A Câmara Municipal de São Vicente, conforme indicação do vereador Emmanuel Menezes Pimentel, concedeu em sessão solene, o título de Cidadão Vicentino ao Sr. Geraldo Albertine, pelos relevantes serviços prestados ao município.
Filho de Ricardo Albertine e Benedita Cardoso Albertine, Geral Albertine nasceu em 11 de outubro de 1933 na cidade de Capivari, SP.
Casou-se com a Senhora Jenine Caetano, de cujo enlace matrimonial nasceram os filhos Álvaro Alberto, Cássia Aparecida e Geraldo Júnior, Adriana Regina, Paulo Rogério, Davi José e Daniela.
Geraldo Albertine iniciou a modelagem em argila em 1940, sendo sua predileção pela temática caracterizada por elementos na natureza e do folclore lendário. Em 1955 modelou o primeiro negro em argila, quando trabalhava numa usina de açúcar. Realizou a primeira exposição na Galeria Cianetti em Piracicaba, e passou a confeccionar peças no Mirante de Piracicaba e no centro dessa cidade, o que motivou muitas reportagens na imprensa local.
Sob a orientação do consagrado folclorista Professor João Chiarini, dedicou-se ao estudo do folclore, recebendo diploma de participação no Círculo Militar de Campinas no III Festival de Folclore, em 1968. Nesse mesmo ano recebeu diploma de participação nos festejos comemorativos do 136º aniversário do município de Capivari, e também no ano seguinte. Recebeu cartão de prata da Câmara Municipal de Capivari, pela montagem do “Museu do Escravo”. Foi agraciado ainda, com troféu pela sua participação na “Semana de Arte de Capivari”.
Fez exposições na Praça da República em São Paulo, demonstrações de sua arte em todos os colégios de sua cidade natal. Convidado pela Prefeitura Municpal de Campinas, alcançou expressivo sucesso nas festividades do Dia da Criança. Também a prefeitura de Tietê o convidou para uma exposição de suas peças nas festividades alusivas ao aniversário da cidade.
Em 1972 se transferiu para São Vicente, com a intenção de aqui montar o “Museu do Negro”. Com o apoio de amigos como Sérgio Salles Galvão Filho, Roberto Costa  e Silva, Mirim Peixoto Moreno e outros, começou a trabalhar na confecção de peças de argila em público, na Biquinha de Anchieta, com autorização do então prefeito municipal Jonas Rodrigues.
Aproveitando a oportunidade sonhada, Geraldo Albertine obteve sucesso e suas peças começaram a ser procuradas até mesmo por estrangeiros. Enviou peças para a Inglaterra, Estados Unidos, França, Alemanha Ocidental, Itália, Portugal, Argentina, África do Sul e Japão. Os jornais da Baixada Santista e o jornal “O Estado de São Paulo” publicaram reportagens sobre a sua arte. Foi convidado pela Rede Globo de Televisão para confeccionar uma peça especialmente montada para demonstrar a sua técnica no programa “Globinho”. Também na TV Record recebeu um convite para demonstrar sua arte.
No dia 13 de maio de 1976, foi inaugurado pelo então prefeito Eng. Jorge Bierrebach Senra, o “Museu do Escravo”, uma mostra de 600 cerâmicas de Geraldo Albertine, reproduzindoos costumes, usos e tarefas dos escravos, desde a colonização até a Lei Áurea. O "Museu do Escravo” foi inaugurado nas dependências do Horto Municipal de São Vicente.
Geraldo Albertine representou São Vicente no XXIII Congresso Estadual dos Municípios, exibindo suas peças em Praia Grande, bem como festejos comemorativos do “Dia do Folclore” na Praça Roosvelt em São Paulo. Fez demonstrações de arte folclórica em todos os colégios de Cubatão e em muitos estabelecimentos de ensino vicentinos.
Em reconhecimento ao seu talento artístico, Geraldo foi convidado para inaugurar o Museu do Folclore de Getulina. Ministrou cursos completos de artesanato nas unidades da Febem de São Vicente e de Itapetinga.
Foi convidado pela Câmara de São Vicente para confeccionar uma peça artesanal durante a palestra realizada no dia 20 de junho de 1976, pelo então Secretário de Estado da Promoção Social, Dr. Mário Altenfelder. Organizou o “Museu das Danças Folclóricas Afro-Brasileiras” no Ilha Porchat Clube, recebendo como homenagem um cartão de prata. Foi homenageado num concurso realizado pela Sutaco, Superintendência do Trabalho Artesanal da Comunidade, em São Paulo, com a peça “O Escultor”, considerada como símbolo do artesanato do Estado de São Paulo. Nessa ocasião, foi adquirida a peça “A Porteira”, com que foi presenteado o então Governador do Estado, Dr. Paulo Salim Maluf.
Em sua saudação ao homenageado, Geraldo Albertine, na sessão solene de entrega do título de Cidadão Vicentino, assim se manifestou o vereador Emmanuel Menezes Pimentel:
“Muitas pessoas gastam toda a vida para comunicar uma homenagem como a sua aos seus semelhantes. Você o fez, com um pente, um canivete e um estilete, com o seu talento, com o seu amor e a sua sensibilidade. Poucos conseguem ser tão eloquentes quanto você, esteja certo disso”. 



                               Vultos Vicentinos de Edison Telles de Azevedo
 
 
 
RECEPCIONOU D PEDRO II
O Imperador D. Pedro II foi recepcionado em São Vicente na residência de José Ignácio da Glória, onde almoçou com sua comitiva. Essa importante visita disse bem o conceito de que gozava o prestante cidadão vicentino.
PRIMEIRA BOTICA EM SÃO VICENTE
José Ignácio da Glória fundou a primeira Botica (farmácia), na Vila de São Vicente, em 1877, a qual funcionou primeiramente no Largo da Matriz (hoje praça João Pessoa), esquina da rua Erasmo Shertz, cujo prédio ainda conserva sua característica antiga, um pequeno sótão com duas janelas voltadas para o Largo da Matriz. Muito tempo esteve nesse local, transferindo-se depois para a rua Jacob Emmerick, num chalé de madeira. A pequena farmácia era conhecida como “Botica do seu Glória”. O proprietário atendia dia e noite pois na falta de médico ele receitava e formulava os remédios. Naquela época São Vicente não possuía um facultativo residente, por isso o saudoso cidadão era sempe procurado para atender os que tinham necessidade de um remédio ou curativo de urgência.


ORADOR OFICIAL DE SÃO VICENTE
Rubim César se tornara um ídolo dos vicentinos. Era o orador oficial da cidade. Nas grandes datas nacionais, como 7 de Setembro, 15 de Novembro e outras, da sacada do antigo prédio da Câmara e Cadeia, Largo Batista Pereira, (hoje Praça João Pessoa), arrebatava a assistência com a sua palavra fácil e inflamada, recordando os fatos históricos da nossa Pátria. As comemorações cívicas eram registradas condignamente, bandas de  música, formatura do pequeno destacamento policial, e os oficiais da Guarda Nacional, com os seus vistosos fardamentos, não faltando o foguetório e a salva de 21 tiros.

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FONTES COLABORADORAS

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