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São Vicente / SP , 14 de março de 2025.
Quanto mais pessoas divulgarem, outras salvarem e também divulgarem, mais as imagens e acontecimentos históricos serão preservados. Aqui, minha contribuição e das fontes colaboradoras para que isso aconteça. – Jorge S. Filho
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09/01/2013
Escamotearam
ESCAMOTEADO O TERRITÓRIO VICENTINO
Já vem de longe a perda de áreas de São Vicente, sendo que a história conta que em 1545, quando o povoado de Santos recebeu seu foral de vila, ocorreu o primeiro desmembramento vicentino. Em 1561, aproximadamente, desmembrou-se de São Vicente a área que se constituiu na Freguesia de Conceição de Itanhaém. Em 1944, perdeu Evangelista de Souza, no alto da Serra do Mar, que se anexou ao Distrito de Parelheiros, Município de São Paulo. Em 1948 ficou sem Mongaguá que se agregou a Itanhaém. De 1940 a 1960, “retificações” de suas divisas com o Município de Santos, escamotearam 20 quilômetros quadrados de área, mas já haviam, em décadas anteriores, avançado no “Chico de Paula”.     E a perda não parou por aí. Em 1966, depois de mais de dois anos de “batalha” judicial, São Vicente perdeu o Distrito de Solemar e o bairro do Boqueirão de Praia Grande, para que fosse constituído o Município de Praia Grande e lá se foram mais 145 quilômetros quadrados. Ressalte-se que para esse desmembramento foi realizado um plebiscito, mas as demais exclusões foram tramadas em gabinetes políticos, com alterações de suas áreas territoriais quando das leis qüinqüenais, votadas pela Assembléia Legislativa do Estado, ao sabor dos deputados, sem que jamais o povo e as autoridades vicentinas tivessem sido consultados.
São Vicente não tinha lideranças capazes de impedir tais crimes contra a área remanescente do município “Cellula Mater” da Brasilidade. Apesar de ter havido o plebiscito, o único, como mencionamos, o desmembramento de Praia Grande foi um episódio triste da história vicentina porque decorreu pela desídia dos políticos vicentinos durante anos, irritando os moradores de Praia Grande pelo abandono a que estavam relegados.
A verdade é que em 1940, o município de São Vicente possuía 476 quilômetros quadrados e em 1980 esse número ficou reduzido a apenas 146 quilômetros quadrados (perda de aproximadamente 70% de território).
Na orla da praia - No José Menino, nas tais retificações divisórias entre os municípios de Santos e São Vicente, este município perdeu significativa faixa de terra e a divisão incluiu ruas e até edifícios, sendo que o “Itaguassu”, em frente à Ilha de Urubuqueçaba, chegou a pertencer aos dois municípios. Mas, pior aconteceu com relação aos prósperos bairros da Zona Noroeste. A área que hoje abriga populosos bairros santistas, tais como Jardim Santa Maria, Jardim São Manoel, Jardim Castelo, Jardim Rádio Clube, Bom Retiro, Caneleira, Areia Branca, Vila São Jorge e adjacências, que pertenciam a São Vicente, foi anexada a Santos, surrupiada em etapas adrede programadas, para evitar uma possível revolta vicentina, pelo escamoteamento que se processou contra o seu território.
Marco Divisório - A título de esclarecimento do que aqui foi citado, o marco divisório na Zona Noroeste, cujo povoamento iniciou-se na década de 20, mudou de lugar várias vezes.
1 - Conforme choques, o marco divisório se localizava no bairro Chico de Paula, onde existia uma pedra com uma cruz esculpida e onde os antigos moradores conheceram a primeira divisa entre Santos e São Vicente.
2 - Na época da Cia. Carril e Viação (estrada de ferro dos Emmerich) a divisa passou a ser demarcada na estação desta companhia (referência, a Cia. Vigor)
3 - Ao aparecimento dos bondes elétricos, São Vicente foi novamente surrupiada, tendo sua divisa territorial “pulado” para o Matadouro (hoje Sesi).
4 - Tempos mais tarde, o marco divisório vem cair na Caneleira (na subida da Nova Cintra).
5 - Contrariando todos os princípios de direito e de respeito a São Vicente, mais uma vez os políticos mutilaram pela quinta vez o território da “Cellula Mater” do Brasil deslocando o marco divisório para a Ponte Preta, sobre o Rio São Jorge.
6 - A investida no território vicentino continuou e passou muito além da Areia Branca, tradicional bairro vicentino que passou então à jurisdição santista, inclusive arrebatando um dos mais significativos monumentos históricos da terra fundada por Martim Afonso: o Engenho dos Erasmos. Nem a história foi respeita! Hoje a divisa está no Monumento dos Tambores construído pela Prodesan em 1967. Isso foi um crime de lesa-história.
Tendo em vista a dilapidação do histórico território vicentino, na tentativa de se justificarem, alguns políticos atribuíram o retalhamento, entre outras razões pueris, à ansiedade dos habitantes dessas áreas, ávidos por melhorias urbanas. Em verdade eram tramas políticas, pois, com exceção de Praia Grande, nenhum outro desmembramento se concretizou em função de plebiscitos, pois o vicentino nunca foi consultado, apesar de sua Câmara Municipal haver referendado algumas “Leis Qüinqüenais” dispondo sobre a organização administrativa e judiciária, votadas pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.
É imperativo que a população vicentina fique vigilante na “área continental”, inclusive nos bairros do Japuí, Prainha, Paranapuan e Itaquitanduva, cuja integração, atualmente é assegurada pela Legislação Federal, mas que a qualquer “cochilo” poderá ser alterada, como aconteceu em “descuidos” anteriores.

Por Fernando Martins Lichti - Presidente do IHGSV.
  





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