A PRIMEIRA MILÍCIA - Foi Formada aqui em São Vicente.

Mas, o que é uma milícia ? No significado atual, pode-se dizer, vida ou disciplina militar, força militar de um país, qualquer corporação sujeita a organização e disciplina militar.
E foi justamente isso, a primeira milícia organizada em São Vicente em 9 de setembro de 1542, através de um “Termo” da Câmara, que foi instituído diante do povo e das autoridades da Vila, reunidos em torno do pelourinho. Assumiu o comando da Milícia o Capitão-mor Cristóvão de Aguiar Altero, nomeado no dia 25 de maio de 1542, por D'Ana Pimentel, esposa e procuradora de Martim Afonso de Sousa. A partir daí, convocaram-se obrigatoriamente, todos os que residiam na Vila sem exclusão dos indígenas.
Esse “Termo” foi o esboço do serviço militar obrigatório e o primeiro sistema de defesa da colônia, que já havia sofrido experiências anteriores com ataques de Tupinambás e sobretudo de ataques de corsários franceses que rondavam as costas vicentinas.
A Milícia se fez mais necessária ainda pela grande cobiça internacional sobre a terra recém-descoberta. Ainda mais pelos comentários, nos quais se dizia que havia um caminho de São Vicente ao Peru, o qual era muito procurado pela prata que lá se obtinha.
Essa iniciativa vicentina, ainda deu origem ao Regulamento Régio de 17 de dezembro de 1548, que autorizava a todo colono possuir uma arma de fogo, pólvora e chumbo necessários à sua defesa e, aos proprietários de engenho de terem a quantia de pólvora necessária para acionar dois falcoes (canhões de pequeno calibre), 20 arcabuzes, 40 espadas, lanças, gibões acolchoados para a proteção dos milicianos e outros apetrechos de guerra. Esse regimento é d’EL-Rei, que traduzido pelo 1º Governador Geral, Thomé de Souza, sendo esta a primeira lei orgânica das Forças Armadas do Brasil.
Tendo São Vicente sua Milícia formada por algumas vezes, foi convocada a socorrer outras localidades como os habitantes do Rio de Janeiro, em 1565, que estavam sofrendo ataques franceses.
O nosso exército começa, na realidade, com a primeira força regular chegada ao Brasil, trazida por Thomé de Souza, formada por 600 homens (degredados) de Infantaria e Artilharia.
Foram esses contingentes militares formados justamente com as Milícias aqui já existentes que deram origem às formidáveis expedições para a devassa e a ocupação do interior bárbaro e desconhecido do leste, no centro-oeste e no sul. Foi enfim dessas Milícias devotadas à defesa da terra que saíram os efetivos para lutar contra os corsários e o invasor holandês, durante o período da união das coroas de Castela e de Portugal.
Um Regimento posterior, de 1570, expedido por El-Rei Dom Sebastião, melhor precisaria a organização das Milícias de defesa das capitanias.
Assim, com a criação da Tropa das Ordenanças Sebásticas, na qual se incorporavam todos os homens válidos, era lançada a base de uma organização militar, real e permanente para o Brasil.
SURGE A RAIZ NEGRA
Quando o povo nordestino se viu forçado a pegar em armas para defender a terra invadida pelo holandês e expulsá-lo do Brasil, homens de cor preta, guerrilheiros liderados por Henrique Dias, formavam ao lado de seus irmãos brancos e índios uma tropa de grande espírito e raça. Em memória deste feito, o governo introduziu na estrutura militar brasileira e até a época da Independência, corpos de homens de cor preta denominados “Henriques”.
Há de se destacar em todo este contexto que o Exército Brasileiro emergiu na ocasião em que os nativos por iniciativa própria, mobilizaram-se em frações combatentes a fim de expulsar o elemento invasor, mesclando-se aí etnias, bravura, garra, liderança, obediência, solidariedade, altivez, mostraram ainda, a partir daí, o amor à própria terra.
Fonte: Boletim IHGSV
