
Vidros ornamentais belgas, telhas francesas, madeira de Riga e mármore de Carrara.
Tamanha beleza pode estar ainda escondida entre armários e ofícios administrativos da Prefeitura de São Vicente e muitas vezes passar despercebida por aqueles que transitam diariamente pelo prédio.
Com requintado material, o imóvel foi erguido em 1885 por Julião Leocádio Neiva de Lima, que após a Proclamação da República adotou o nome de Julião Caramuru. Projetado em estilo jônico, o prédio foi construído para lhe servir de moradia. Edison Telles de Azevedo afirma em seu livro “Vultos Vicentinos”, que Julião queria contemplar São Vicente com uma edificação que se destacasse entre quase tudo que havia na ocasião, em termos de construção.
A linha arquitetônica do imóvel foi parcialmente modificada em 1944, quando o prefeito Polydoro de Oliveira Bittencourt realizou reforma, construindo uma sacada e colocando mármore na escadaria do hall de entrada.
A mudança, acredita-se, foi promovida para transformar a construção residencial em edifício público.
O prédio pertenceu a Julião Caramuru até a sua morte, em 1901.
Depois, foi vendido por seus herdeiros ao advogado vicentino Mágino Bastos. Nova venda aconteceu quando faleceu o advogado. Em 1919, sua esposa, Dª. Maria Emília Bastos, e seu filho Tude Bastos (um dos fundadores do IHGSV), optaram por passá-lo à municipalidade, por 30 contos de réis. O ato de transferência foi assinado pelo prefeito João Francisco Bensdorp, mas com uma curiosidade: a escritura passada no 3º Tabelionato de Santos, foi registrada em nome do “Município de São Vicente”, e não no da Prefeitura ou da Câmara.
Reformado, o edifício da Rua Frei Gaspar (antigo nº 34, hoje 384) passou a ser ocupado pela Câmara e Prefeitura em 1929 (foto abaixo). Depois dessa data, o Poder Executivo foi sempre exercido nesse prédio, ao contrário da Câmara, que em 1953 se mudou para o sobrado da padaria Rio Branco, na esquina das ruas XV de Novembro com 13 de Maio. Em 1959, nova mudança, desta vez para a Rua Martim Afonso, esquina com a Praça Barão do Rio Branco, de onde saiu em 1987 para ocupar o prédio próprio, na Rua Jacob Emmerick, 1195.

MAIS MUDANÇAS
Além das mudanças realizadas em 1944, o prédio sofreria outras transformações ao longo dos anos. No final da década de 70, o madeiramento do teto foi tomado por cupins e parte do telhado acabou desabando (no gabinete do então prefeito Koyu Iha). Na década de 80, nas administrações dos prefeitos Antonio Fernando dos Reis e Sebastião Ribeiro da Silva, foram construídas duas alas, desde o prédio principal até a Rua João Ramalho. Hoje, da velha e imponente Casa de Caramuru, só restam lembranças.
Fonte: Boletim IHGSV