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São Vicente / SP , 14 de março de 2025.
Quanto mais pessoas divulgarem, outras salvarem e também divulgarem, mais as imagens e acontecimentos históricos serão preservados. Aqui, minha contribuição e das fontes colaboradoras para que isso aconteça. – Jorge S. Filho
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21/01/2017
Presente
AS VARIAÇÕES DA PRAIA DE SÃO VICENTE
 

 

No seu trecho inicial, junto ao Marco do  IV Centenário de São Vicente (Praça Tom Jobim), durante muitos anos desde a fundação da Vila de São Vicente, já em 1542, passaram a acontecer violentas ressacas, com a maré batendo fortemente contra a orla marítima destruindo as praias, as terras adjacentes e a 1ª Vila Vicentina.
As ressacas mais fortes no século XX, durante muitos anos passaram a ser quase cíclicas, variando entre mais fortes e mais fracas, em períodos de cerca de 20 anos.
Em 1920 destruiu a praia e a avenida beira-mar, com sua larga faixa de areia. Foi a mais forte ressaca, talvez semelhante a de 1542, chegando a atingir uma profundidade variável entre 9 e 13 metros entre o barranco e a pedra do Mato.
No início da década de 40 voltou a repetir o fenômeno. Como sempre, a própria maré em alguns meses, voltava a repor toda a areia cobrindo completamente a vasta erosão que havia deixado.
Esse fato só acontecia nas imediações da Praça 22 de Janeiro e Biquinha, atual Praça Tom Jobim. Em toda a extensão da Praia de São Vicente, nessas épocas em que a maré se apresentava muito forte, não ameaçava de destruição na orla da praia, com exceção, a atual Praça Heróis de 32, onde está construído o Edifício Marrocos.
O mar só iniciou seu processo permanente de devorar a Praia de São Vicente, em quase toda sua extensão, a partir de 1945, aumentando suas agressividade destruidora sempre nos meses de julho e agosto.
Na década de 40 o processo de agressividade inverteu-se num determinado momento por volta de 1946, atenuando a maré sobre a faixa da Biquinha, passando a agredir toda a costa da Praça Heróis de 32 até a Rua Pero Correa.
O Prefeito Álvaro Assis (1947) iniciou a proteção da orla marítima, para preservar as linhas dos bondes, a avenida beira-mar e até mesmo alguns prédios (Gáudio, Marrocos, Icaraí e Grajahu), iniciando celeremente a rústica construção do enrocamento, procurando vencer o impacto do mar bravio, com o grande volume de pedras adquiridas nas pedreiras vicentinas e lançadas nos pontos mais críticos.
Nos anos seguintes o engenheiro Rinaldo Rondino dedicou-se ao estudo  do fenômeno chegando à conclusão dos pontos mais vulneráveis à ação do mar, sugerindo à Prefeitura que nesses locais fossem construídos molhes de pedra.
Nas épocas das marés altas,toda a orla marítima é açoitada pelo mar ameaçador, mas depois regride, devolvendo a praia no trecho do Gonzaguinha e junto aos molhes construídos nos anos 50.
Na década de 30 a faixa de areia era larga e contínua (areia dura, ou seja, molhada pela maré alta e batida e seca na maré baixa), excelente para a prática de esportes e para o ciclismo, estendendo-se sem nenhuma interrupção, desde a Biquinha até o Canal 1 em Santos, pois ainda não existia o aterro de acesso à Ilha Porchat nem o emissário, construído pela Sabesp para saneamento. A Ilha de Urubuqueçaba, nas marés baixas, tinha acesso em plena praia.

RAZÕES DO COMPORTAMENTO DA ELEVAÇÃO DO NÍVEL DO MAR NAS PRAIAS VICENTINAS.
 



Ainda são cientificamente desconhecidas, até mesmo porque essas alterações aconteceram e se repetiram durante centenas de anos, como se observa em mapas antigos.
Muitos acusam o fenômeno da perda das praias, em razão do aterro para acesso à Ilha Porchat que coincide em parte, com a alteração da corrente marítima, já que o acesso foi construído em 1946, porém sua primeira construção foi em madeira sobre pilotes, também em madeira e com vão de circulação de água por baixo. Só mais tarde foi substituído por aterro e, ainda assim, com um vão livre de aproximadamente 6 metros para a passagem do mar, entre a praia de São Vicente e a praia do Itararé. Somente mais recentemente esse vão foi fechado.
Registre-se que, na década de 40, o mar, que circulava na frente da Ilha Porchat, sempre foi um pequeno lençol de água mansa, sem correntes fortes e nunca com volume de água superior a 30 cm de altura.
Nas marés baixas, o acesso ao Cassino da Ilha Porchat se fazia por carro ou a pé. Nas marés altas, o Cassino colocava charretes com tração humana, para fazer o translado entre as duas ilhas.
Somente no século XVI o oceano adentrava a baia, pela frente da Ilha Porchat (Ilha do Mudo), com calado suficiente para a navegação de caravelas e com larga faixa de água que hoje corresponde aproximadamente, até a Rua 11 de Junho.
Fato, possivelmente responsável por todo esse aumento do volume de água do mar sobre a orla marítima da baia, e que deve ser melhor estudado, são as enormes áreas de manguezais aterrados ao redor da Ilha de São Vicente, principalmente em larga extensão no Rio Casqueiro, tanto do lado de São Vicente como do lado de Cubatão, em todas as áreas da Zona Noroeste de Santos e em larga extensão da Ilha de Santo Amaro, para a construção do Porto de Santos, e ainda em Cubatão, em áreas ocupadas pelas indústrias e no Guarujá, pela construção do cais do porto.
Obviamente, o enorme volume de água do mar que se espalhava sobre tantos quilômetros quadrados de mangues, foi desviado e pressionado sobre as orlas adjacentes, principalmente nas praias, que mais sentem os fluxos das marés

Fonte: Revista do IHGSV
 













 
 




 



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