Benedicto Calixto nasceu no dia 14 de outubro de 1853 na Vila Conceição de Itanhaém.
Seus pais, João Pedro de Jesus e Ana Gertrudes Soares, eram católicos fervorosos, por este motivo recebeu o nome de Calixto, devido ao dia de seu Nascimento coincidir com o dia de São Calixto.
Calixto vêm de uma família tradicional de portugueses, seu pai, apesar da descendência nobre, era pobre e tinha como profissão a de marceneiro, mais tarde ensinada a Benedicto Calixto.
Benedicto Calixto viveu em Itanhaém até os 20 anos, cursou escola de mestre João do Espírito Santo, em Itanhaém. Na adolescência pintava os ex-votos que os fiéis seus amigos penduravam na Igreja Matriz de Santana, em cumprimento de promessas. Quando percorria o caminho de Itanhaém a São Vicente, sempre parava em Piaçabuçu, no comércio do Sr. Felisbino Leal, onde caminhava até a praia e desenhava na areia deixando os amigos maravilhados.
Itanhaém não contava com escola especializada e Calixto precisava aprimorar seu conhecimento, e notava-se o seu grande talento para as artes.
Benedicto Calixto muda-se para Santos atrás de condições melhores de vida e, para sobreviver, começa a pintar tabuletas e fazer composições de paisagens e figuras, nas paredes e nos tetos de mansões dos santistas ricos da época.
Em 1877, volta para Itanhaém e, no dia 14 de maio do mesmo ano, casa-se com sua prima Antônia Leopoldina de Araújo, sua dedicada companheira toda sua vida.
Aos 28 anos, deixou Itanhaém e rumou para Brotas, interior de São Paulo, indo residir com seu irmão João Pedro, professor primário.
Com a aproximação do nascimento de seu quarto filho, Calixto volta com sua esposa para Itanhaém, onde nasce sua filha Fantina. Em Brotas, desenvolve suas telas e termina muitos quadros e, motivado por amigos, resolve expor em São Paulo, no ano de 1881, no salão Nobre do Jornal “Comércio Paulistano”, não obtendo o resultado esperado.
No ano de 1882, veio fixar moradia em Santos, onde conhece Mestre Thomaz e consegue emprego de empalhador em sua oficina de marcenaria. Mostrando grande talento, é solicitado para que pinte o pano de boca do teatro “Guarany”. Este trabalho abre as portas para Benedicto Calixto, que pinta o pano de boca do teatro e, durante este trabalho, realiza a pintura de um quadro do mestre Thomaz nas oficinas da Beneficência Portuguesa de Santos.
Garcia Redondo, engenheiro responsável pela construção do teatro Guarany, fica impressionado com o talentoso artista, e envia uma carta ao Visconde de Vergueiro pedindo que ele patrocine uma bolsa para Benedicto Calixto estudar na Europa.
Visconde de Vergueiro concede uma bolsa, para que ele vá estudar na França por algum tempo.
Na França, Calixto passa por algumas escolas, aprimora sua arte e descobre a fotografia, que vai sempre acompanhar sua vida. Sentindo-se sozinho, Calixto retorna ao Brasil, vai morar em Santos, mais tarde em São Vicente.
Em São Vicente, mora na Rua Martim Afonso, onde, anexo à sua casa, possui seu ateliê e um pequeno quarto escuro, onde revela suas fotos.
Benedicto Calixto inicia sua atividade de professor na Escola José Bonifácio, ministrando aulas de desenho e, ao mesmo tempo no Liceu Feminino em Santos. Desenvolve também a atividade de Astrônomo, com a descoberta de um cometa em 21 de abril de 1901.
Calixto desenvolve a cartografia com a execução da planta da cidade de São Vicente e de diversos mapas da região. Realiza o desenho do monumento do quarto centenário de descobrimento do Brasil, onde nestes festejos coordena uma exposição de peças e pinta alguns quadros, entre eles a “Fundação de São Vicente”.
Em 1905, Benedicto Calixto sensibiliza a Câmara de São Vicente pela sua luta contra a demolição da “Pedra dos Ladrões”.
Realiza uma exposição em Belém em 1907, com grande sucesso, vende 36 quadros e a mostra é amplamente divulgada pela imprensa paraense.
Sua vida artística, mostrada em pinturas de telas e decorações em igrejas, trabalhos que executou em Santos, São Vicente, Itanhaém, São Paulo e interior paulista.
Como pintor, teve três fases: paisagens, história e religião.
O historiador Calixto escreveu sobre o passado paulista, sendo como principal obra o livro “Capitanias Paulistas” de 1895. Escreveu para o Jornal “Diário de Santos” e para a Revista do Instituto Histórico Geográfico de São Paulo.
Para alguns, sua principal obra que mescla História e pintura, são os três painéis na Bolsa do Café e o Vitral no Salão do Pregão contando a história da fundação de Santos e a epopeia dos Bandeirantes.
Seu último trabalho seria a matriz de Bocaina. Durante esta obr4a adoece e morre em São Paulo em 27 de maio de 1927, aos 74 anos. Seu corpo é transladado para Santos, onde está sepultado.
Benedicto Calixto recebeu muitas homenagens depois de falecido e, sua obra foi muito valorizada não só pela beleza, mas também pelo talento do pintor.
A Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto com seu projeto do Centro de Documentação, e toda a história desse importante artista, resgatou toda a história desse importante artista para que sua memória e sua obra sejam preservadas para as futuras gerações, além de ser objeto de estudo para pesquisadores.
Por Sílvio Luiz Santiago Pasquarelli – Revista do IHGSV.
CALIXTO, O PINTOR DO MAR QUE AMOU SÃO VICENTE.
Além do amor que cultivou para com as coisas do litoral, Calixto também dedicou-se à pintura religiosa. Por esse motivo, recebeu do Papa Pio XI, a Comenda e Cruz de São Silvestre, em 1924. As impressões emotivas que lhe vinham da contemplação das praias selvagens, do mar bravio, ou das coloridas florestas de sua terra natal, eram sempre impregnadas de misticismo religioso. Evocando nas suas telas a história de São Vicente, nas figuras das caravelas quinhentistas, de Anchieta, de Manuel da Nóbrega, de Paranaguaçu – o indomável chefe Tamoio -, sempre se baseando em fatos e pesquisas, o artista soube transmitir ao seu trabalho, muita honestidade.
O pintor também foi um apaixonado pelas nossas tradições e costumes regionais, o que é evidente ao se observar as telas onde registrou o folclore praiano, as lendas do Boitatá, da Mãe d’água, entre outras.
Parte do texto de Jaime Mesquita Caldas – Boletim do IHGSV.

Benedicto Calixto pintou a história.
Minha família (do proprietário deste site) se deu em 1898 com o casamento de meus avós, apenas 9 anos após a Ploclamação da República no Brasil. Passaram a morar na Av. Capitão Mor Aguiar nº 15 (em princípio nº 5) em 1900.
Temos a honra em ter a casa desse endereço (que também tem história), registrada em um de seus quadros conforme abaixo.
Benedicto Calixto pintou o início da história vicentina e de minha família também.