DERROTA (ROTA) DE MARTIM AFONSO DE SOUSA, DE LISBOA ATÉ CHEGAR EM SÃO VICENTE
TRECHO QUE TANGE A SÃO VICENTE NA HISTÓRIA DA COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NO BRASIL – A EXPEDIÇÃO DE MARTIM AFONSO DE SOUSA – II PARTE – VOLUME III – A IDADE MÉDIA BRASILEIRA (1521- 1580)
Abaixo, os mapas das derrotas (rotas)
Atenção especial para o mapa nº 9 específico ao Porto de São Vicente, antigo e novo.
Os navios saídos de Lisboa eram 5 e não 7 como Fr. Luís de Sousa apontou em seu borrador dos seus apontamentos extraídos do Livro I da coleção do Conde de Castanheira. Eram eles 2 naus (a capitânea) cujo nome não vem indicado e a nau de S. Miguel (capitão Heitor de Souza); 1 galeão – S. Vicente (capitão Pero Lobo Pinheiro) e 2 caravelas – Princesa (capitão Baltasar Gonçalves e mais tarde (Diogo Leite ?) e Rosa (capitão Diogo Leite) segundo alguns autores) (242).
Se a estas unidades saídas de Lisboa na tarde de 3/12/1530 juntarmos as naus que em 2/2/1532 Pero Lopes de Sousa tomou dos franceses e crismou com os nomes de – Nossa Senhora das Candeias (fls. 6 e 7 do códice) e a caravela – Santa Maria do Cabo que se dirigia para Sofala e que em 25 de março Martim Afonso de Sousa incorporava à sua esquadra (fls. 9, 25 e 27 do códice), teremos os 7 navios de que nos fala nos añaes de D.João III. Quero dizer, não terem razão de serem as divergências que certos autores descobriram entre o que disse Fr. Luís de Sousa e o que se lê no roteiro que Varnhagem publicou (pgs. 133 a 136). Dentre os expedicionários vindos com Martim Afonso de Sousa, cujos nomes em parte nos são dados por documentos, são: João de Sousa; Pedro Annes (piloto, língua da terra) Pedro Lobo (porventura diferente de Pedro Lobo Pinheiro, capitão do Galeão S. Vicente) e Vicente Lourenço (Piloto-Mór, segundo Varnhagem).
No denominado Diário, Martim Afonso e, em geral, designado pela inicial J , que Varnhagem dis corresponder à primeira letra do irmão.
A viagem:
03/12/1530 – Partida de Lisboa
09 Reconhecimento da Ilha de Tenerife
10 Ilha da Gomera – altura do Cabo Bojador
14 Altura do Cabo das Barbas
19 Altura do Cabo Branco
20/12/1530 – Reconhecimento das Ilhas do Sal (245), Boa Vista e Mayo.
29/12/1530 – Largada deste porto
03/01/1531 – Altura do Cabo Roxo e da Serra Leoa
09 Altura da Ilha de Fernão de Loronha
24 Altura do Cabo de Santo Agostinho (uma em frente ao Cabo de Percaauri e a outra ao sul do Cabo de Santo Agostinho
30 Apresamento das naus francesas
31/01/1531 – Apresamento de uma 3ª nau francesa na Ilha de Santo Aleixo
02/02/1531 – Martim Afonso se passou à caravela Rosa e se fez à vela no bordo do mar pêra ir diante ao Porto de Pernambuco fazer alguas cousas prestes para a armada.
04 Boca de um rio da costa para tomar água (247).
10 Concentração dos navios no Porto de Pernambuco (248).
17 Martim Afonso vai ao Porto de Pernambuco (249). O Capitão-Mór despacha João de Sousa com cartas para D. João III em uma das naus tomada dos franceses em frente ao Cabo de Santo Agostinho e envia para o Rio Maranhão as 2 caravelas Princesa e Rosa (249).
Entre 24 de fevereiro e 1 de março a expedição (capitãnea Galeão S.Vicente e a nau francesa apresada por Pero Lopes, Nossa Senhora das Candeias) partem de Pernambuco para o sul depois de have recebido água e outras cousas necessárias para a viagem.
01/03/1531 – O Galeão S.Vicente aproxima-se do Arrecife de S. Miguel – Idem altura das Serras de Santo Antonio
05 Altura do Rio de S. Francisco.
11 Chegada à Baia de Todos os Santos (Ponta do Padrão).
13 a 17 de março, Boca do Rio de Tinha.
24 Arribada à Baia de Todos os Santos
25 Parte novamente da Bahia para o sul (252).
27 – No mesmo mês de março, Baixo D’Abrolho.
21 Reconhecimento do Cabo de Parcel e do Cabo Frio (253).
29 – Chegada ao Rio de Janeiro
30/03/1531 Com estadia de 3 meses, maio, junho e julho, durante os quais foram construídos 2 bergantins e partida do Rio de Janeiro para o sul (254).
01/08/1531 – Surgem <>
09 – Martim Afonso e seu irmão caçam em uma ilha adiante do Rio de S. Vicente (Ilha dos Alcatrazes, diz Varnhagem).
10 – Reconhecimento da Ilha de Cananéa
12 – (Dia de Santa Clara) com estadia de 44 dias , partida desta ilha
26/09/1531 – Altura do Porto dos Patos.
29 – Reconhecimento de 3 ilhas a que Pero Lopes deu os nomes de Das Onças.
14/10/1531 – Cabo de Santa Maria
15 – Uma ilha que estava pegada com este cabo (256).
16 – Partida desta ilha
21 Naufrágio da nau capitânea na costa junto ao Riacho Chuy, próximo à Ilha das Palmas.
22 ou 23 Pero Lopes recebe a notícia deste naufrágio.
02/11/1531 – Da nau naufragada retira-se a artilharia e o ferro
06 Em conselho com pilotos e mestres e com todos que eram para isso, é resolvido que MartimAfonso desistia da ida aoRio de Santa Maria (Rio da Prata), elucida Varnhagem.
Entre 6 e 23 Pero Lopes parte para o Rio dos Begoais com 30 homens e exploram o Rio da Prata num dos dois bergantins construídos no Rio de Janeiro.
23 Depois de um mês e dois dias, Pero Lopes (que subira pelo Paraná e Uruguay e fora até o Esteiro dos Carandins) torna ao Rio dos Begoais.
25/12/1531 – Pero Lopes junta-se a seu irmão na Ilha das Palmas (258).
27 Com a demora de quatro dias fazendo-se todos prestes a para irem ao Rio de S.Vicente, a expedição volta para o norte.
01/01/1532 – Altura do Porto dos Patos.
04 Arribada na Ilha da Cananéa (259).
08 Partida da Ilha de Cananéa
16 À vista da Abra do Porto de S. Vicente.
20 Fundeamento numa praia da Ilha do Sol.
21/01/1532 – Desembarque no Porto de S. Vicente.
Na Ilha de S. Vicente Martim Afonso e outra nove léguas dêtro pllo sartão aborda Du Rio que se chama Pirãtiningua (262)
De facto, decorridos precisamente quatro meses, isto é 22/05/1532, Pero Lopes de Sousa separava-se de seu irmão, deixando o Rio de S. Vicente e regressava a Portugal.
Detalhando, de volta do sul
Porto dos Patos, sábado, 5 de janeiro de 1532, abonançou mais o tempo e o mar e ao meo dia tomei o sol em 27º.
Domingo, 6 do dito mês, nos ventou o vento sulsueste e com o traquete baixo, corremos a noite toda a nordeste e a na quarta de leste (155).
Segunda-Feira, 7 do dito mês, ao meio-dia tomei o sul em 25º escaços; e a húa hora de sul via a terra, que he mui alta (156) e seria della 7 léguas e fomos no bordo da terra até a noite, que se me fez o vento lesnordeste,e virámos no bordo do mar. Terça-Feira 8 de janeiro, no quarto d’alva nos fizemos no bordo e ao meo dia fomos com ella, e conheci ser o rio (157) da banda de nordeste de Cananéa, e como nam podíamos cobrar pela corrente e o vento ser grande e o Porto de Sam Vicente me demoram a nordeste, estava delle 15º. Como vi que não podíamos cobrar arribamos à Ilha de Cananéa (158) e no por do sol surgimos a terra della. Quarta-Feira, 9 do dito mês se nos abriu húa grande água na nao que nos dava muito trabalho. Aqui nesta Ilha estivemos até quarta-feira 16 de janeiro, que partimos com o vento sudoeste, fazendo sempre muita água, que nam se levava a mão a duas bombas.
Quinta-Feira, 17 do dito mês a água corria ao nordeste, e sem vento andávamos este dia 10 léguas.
Sexta-Feira, 18 do mês de janeiro andávamos em calma até sábado no quarto d’alva, que se fez o vento sueste, e fazia o caminho ao longo da costa húa légua de terra, que por fundo de 35 braças d’area e ao meio dia tomei o sol em 24º e 35 mendos.
Domingo, 20 do dito mês, pela manhã, 4 léguas de mim vi a abra do Porto de Sam Vicente (159). Demorava a nornordeste; e com o vento lesnordeste surgimos em fundo de 15 braças d’area, meia légua da terra (160), e ao meio dia tomei o sol em 24º e 17 mendos, e a 2 horas antes que o sol se pusesse nos deu húa trovoada do nordeste. Pela corrente ser mui grande ao longo da costa atravessava a nao o vento que era mui grande, e metia a nao todo o portaló por debaixo do mar; se nos nam quebrára a anchora pela unha fôramos soçobrados, segundo o vento era desigual. Como se fez o vento oesudoeste demos à vela, e esta noite no quarto da madorra fomos surgir dentro n’abra, em fundo de 6 braças d’area grossa (161).
Segunda-Feira, 21 de janeiro, demos à vela e fomos surgir n’húa praia da Ilha do Sol (161) pelo porto ser abrigado de todolos ventos, ao meio dia veo o Galeam S. Vicente surgir junto comnosco, e nos disse como fora nam se podia amostrar a vela com o vento sudoeste.
Terça-Feira pela manhã fui n’hum batel da banda d’aloeste da bahia e achei um rio estreito (163) em que as naos se podiam correger, por ser mui abrigado de todolos ventos: e à tarde as naos dentro com o vento sul. Como fomos dentro mandou o Capitam I fazer húa casa em terra para meter as velas e enxárcia. Aqui neste porto de Sam Vicente (164) varamos húa nao em terra. A todos nos parecem tam bem esta terra que o Capitam I determinou de a povoar, e deu a todolos homês terras para fazendas: e fez húa Villa na Ilha de Sam Vicente e outra a 9 léguas dentro pelo sertam a borda dum rio que se chamava Piratininga: e repartiu a gente nessas villas e fez nellas oficiaes: e pôs tudo em boa obra de justiça, de que a gente toda tomou muita consolaçam, com verem povoar villas e ter leis e sacrifícios , e celebrar matrimônios, e viverem em comunicaçam das artes, e ser cada um senho do seu, e vestir as enjurias particulares: e ter todolos outros bens da vida sigura e conservável.
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Nas vésperas de seu embarque para Portugal, Martim Afonso de Sousa teve notícia – segundo refere Frei Gaspar da Madre de Deus (326) de que os 80 homens que em 1º de setembro de 1531 mandara da Cananéa em exploração do ouro e da prata haviam sido massacrados pelos índios e <>(327) e não lhe sendo possível castigar pessoalmente o insulto do gentio, como desejava, por estar muito próximo seu embarque, ordenou que os agressores fossem punidos com a mão armada ordenando por capitão de guerra e fidalgos Pedro de Goes e Ruy Pinto >>(327).
No dizer de Pedro Taques, Martim Afonso de Sousa deixou em S. Vicente, Gonçalo Monteiro como seu lugar –tenente e Capitão-Mór de sua capitania com todos poderes que lhe podia delegar, nos termos de uma das cartas régias de 20 de novembro de 1532 (328). Não sabe-se ao certo em que mês e em que navio o Capitão-Mór da expedição se fez de vela para a Europa, de presumir é, porém, que regressasse na caravela Santa Maria do Cabo, única embarcação que restaria de sua frota e que ele lhe agregara na Bahia de Todos os Santos quando viajava para o sul em demanda do Rio da Prata. Igualmente desconhece-se qual a derrota da torna-viagem e quais os portos brasileiros a que naturalmente teve que abordar.
DERROTA (ROTA) DE MARTIM AFONSO DE SOUSA, DE LISBOA AO SUL DO BRASIL E A SÃO VICENTE.
