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São Vicente / SP , 14 de março de 2025.
Quanto mais pessoas divulgarem, outras salvarem e também divulgarem, mais as imagens e acontecimentos históricos serão preservados. Aqui, minha contribuição e das fontes colaboradoras para que isso aconteça. – Jorge S. Filho
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25/12/2016
História de São Vicente
PIQUEROBI
Cacique guianá ou tupi, inimigo dos portugueses.
Foi um dos chefes dos índios guianás, carijós e tamoios do vale do Paraíba, por ocasião do ataque à Vila de São Paulo em 1562.
Sua filha era casada com Antônio Rodrigues (um dos primeiros povoadores de São Vicente), foi batizada pelos jesuítas com o nome de Antonieta Rodrigues.

Fonte: IHGSV

Conforme registra em suas cartas o Pe. Anchieta, a aldeia de São Miguel foi fundada por orientação do Padre Nóbrega, com certa quantidade de índios dissidentes do Pátio do Colégio, chefiados por Piquerobi, irmão do Tibiriçá. Inconformados com a transferência dos moradores da aldeia de Santo André da Borda do Campo (a aldeia não vingou) para São Paulo de Piratininga, em 1560, Piquerobi e seus seguidores deixaram esse local, indo instalar-se nas proximidades do Rio Ururaí, em uma região que lhes era familiar.
Ali os foi procurar o Pe. Anchieta, movido pela Fé. Temos sinais evidentes de que a primeira capela, propriamente originária, foi levantada nesse ano. Ora, edificar uma capela, por mais rudimentar que fosse, era o ato de fundação de uma aldeia. Até hoje continua a se considerar, erroneamente, como data oficial de fundação de São Miguel o ano de 1622, que aparece na inscrição da viga principal da porta de entrada da capela hoje existente. Agora, porém, já temos comprovação documental fazendo referência à capela primitiva, dando conta de que aqui existiu uma outra edificação e de que São Miguel foi fundada efetivamente em 1560.
Profª. Roseli: Procurei nos arquivos da Companhia de Jesus, no Vaticano, informações sobre capela de São Miguel ou aldeia de São Miguel, e foi uma graça encontrar um registro do Pe. Anchieta que ainda não era conhecido, contendo uma carta dele ao Geral da Companhia, Pe. Diogo Lainez, de 12 de junho de 1561. Nela está mencionada a aldeia de São Miguel. A escolha desse Arcanjo para padroeiro, além de outras razões, pode ser atribuída ao fato de os nativos chefiados por Piquerobi se identificarem com a figura de São Miguel por seu espírito guerreiro.
Além dessa carta, há outros registros bastante importantes no arquivo da Companhia de Jesus, a respeito dos padres e irmãos que continuaram servindo aqui até 1621. Eles provam que, de fato, a aldeia de São Miguel era visitada e contava com uma assiduidade de missionários.
Profª. Roseli: Devido à sua posição estratégica, São Miguel serviu de precioso apoio na defesa do Pátio do Colégio.
Além disso, Piquerobi e seus aguerridos índios Guaianazes participaram da luta contra os tamoios em Cabo Frio, no ano de 1565, e apoiaram a expedição de Estácio de Sá, da qual resultou a expulsão dos franceses da Guanabara e na fundação do Rio de Janeiro.
Em carta de 1584, Anchieta comenta que ao redor da vila de São Paulo de Piratininga havia doze aldeias não muito grandes, numa distância de uma a três léguas, e que com o tempo seus habitantes se juntaram em duas: a de São Miguel e a de Nossa Senhora da Conceição dos Pinheiros. Note-se, portanto, que São Miguel e Pinheiros são os dois bairros mais antigos da Capital paulista e desempenharam relevante papel para o desenvolvimento dessa cidade.
É preciso notar que os índios participaram dessas guerras por vontade própria. Não foi de uma forma imposta, pelo que se sabe. Porque esses índios tinham liberdade para sair do "jugo" da Igreja, por assim dizer, e se unir a outros grupos que não estavam seguindo esse processo de catequese. Se eles continuavam, é porque aceitavam seu vínculo com a Igreja.
Profª. Roseli: Da antiga capela não restam sequer vestígios, temos apenas informações documentais. A igreja que vemos hoje aqui nesta praça é de fato a segunda edificação, terminada em 1622, numa aldeia já existente.
Nas obras de edificação e decoração desta capela se pode perceber que existia uma maleabilidade da Igreja para com os índios. Um exemplo disso são os entalhes existentes na porta e na janela de um de seus cômodos.

Em civilizações andinas, autóctones, em civilizações pré-colombianas, os totens representam um papel importante no cotidiano das pessoas. É um símbolo de defesa da casa, da vigilância durante o sono. E pode-se ver que em toda a volta do batente da porta, na parte inferior e na superior, há entalhes de um totem. Quem dirigiu os trabalhos de ornamentação da igreja permitiu que o autor desses entalhes - o qual não era nativo brasileiro, obviamente, porque esse traço não é de índio brasileiro - fizesse esse trabalho conforme os moldes artísticos nativos que ele possuía.

Todos sabemos que para cá eram trazidos índios da América Espanhola. Levantei esta questão numa tese que apresentei na Universidade de São Paulo sobre a época do domínio espanhol no Brasil. E apresentei como exemplo esses entalhes, os quais nos fornecem uma prova material da presença de aborígenes hispano-americanos no Brasil, o que é de muito valor no conjunto da História brasileira do século XVI.

Por fim, gostaria de fazer notar que esta capela de taipa é a mais antiga igreja da cidade de São Paulo. Como patrimônio inteiro, intacto, ela é uma preciosidade
(Revista Arautos do Evangelho, Dez/2004, n. 36, p. 38-39)
A Prof. Roseli Santaella Stella especializou-se na História do Brasil, dos séculos XVI e XVI.

A capela é uma construção de taipa do séc. XVII. No séc. XVIII ela passou por reformas que acrescentam adobe sobre a construção de taipa. A Capela possui um alpendre formando um L que a diferencia entre outras construções do mesmo período. A construção foi restaurada pelo IPHAN nos anos 1939-1940 e novamente nos anos de 2006-2008.
A aldeia missionária de São Miguel surgiu após 1560 e foi formada pelo índio Piquerobi e seus seguidores que saíram de São Paulo de Piratininga e foram para a região do Rio Ururaí em São Miguel Paulista. Eram catequizados pelo jesuíta José de Anchieta que os afastou por estarem descontentes com o apossamento de suas terras e amedrontados pela escravização dos colonos. Em 1623 São Miguel se consolida com vinda de índios de Itaquaquecetuba. Surge ali uma nova Igreja de São Miguel construída e finalizada pelo Padre João Álvares encarregado pelo sertanista Fernando Munhoz. No séc. XVIII a Capela passou por reformas promovidas pelo franciscano Frei Mariano da Conceição Veloso. Ele acrescenta adobe, que já era utilizado em Minas Geris, sobre a construção de taipa. A altura da nave central foi elevada em 2 metros e foram abertas duas janelas, além de uma Capela, altares laterais e a edificação ganhou elementos decorativos em dourado. A Capela possui um alpendre formando um L que a diferencia entre outras construções do mesmo período. Esta Capela foi o primeiro bem tombado pelo IPHAN, com a indicação de Luiz Saia que dirigiu as obras de restauração nos anos 1939 e 1940. Ela foi restaurada novamente entre 2006 e 2008 sob a orientação do IPHAN. Hoje suas dependências se destinam ao Centro Cultural da região.
Fonte: Acervo digital UNESP


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