Conforme estudos do Professor Antonio Teleginski, sua teoria para a Barra Sul
(O teor desta matéria não se encontra nos anais aceitos da história de São Vicente. São hipóteses a serem esclarecidas se for o caso, talvez, por quem se interessar, que tenha tempo e um bom dinheiro para isso).
Barra Sul - Veja em http://www.geocities.ws/athens/acropolis/6710/barra.htm
Há segredos ainda não desvendados na história da primeira Vila do Brasil, denominada pelos índios de Ipanema e batizada pela expedição de Américo Vespúcio, de São Vicente.
É incontroverso que São Vicente, antes de 22 de janeiro de 1502, era porto conhecido e freqüentado pelos aventureiros dos mares. Martim Afonso quando veio de Cananéia para instalar aqui o primeiro núcleo da civilização ocidental no Brasil, ancorou no porto de São Vicente, entrando pela Barra Sul.
A Barra Sul era conhecida também por “Rio de São Vicente” porque antes de 1543 o Rio Piassabuçu desembocava no Oceano Atlântico no sopé do pontão do Morro do Itaipu, na Praia Grande. Em 1543, houve um maremoto que alterou a geomorfologia da região. O cataclisma destruiu a vila construída por Martim Afonso. Mergulhadores retiraram do fundo do mar os sinos da igreja e o pelourinho por ele construído. Depois desse desastre ecológico, a Barra Sul tornou-se imprópria para a navegação de navios de médio e grande porte.
Em 22 de janeiro de 1502, a expedição de Américo Vespúcio, comandada por Nuno Manoel, percorreu a costa brasileira de Norte para o Sul. Avaliou as riquezas do litoral e batizou com o nome dos Santos do dia da chegada, os lugares mais importantes, como se vê do relatório designado à posteridade o dia a que a elas aportava, do modo seguinte:
“A 22 do dito (mês de janeiro) NO PORTO DE SÃO VICENTE”, ou seja, no dia 22 de janeiro, as três caravelas ancoravam no porto que, a partir daquele instante passou a designar-se de São Vicente. (Varnhagem 7ª edição / pág. 83).
Vespúcio batizou São Vicente como PORTO e não como um lugar qualquer. Daí, a certeza histórica da antiguidade do PORTO DE SÃO VICENTE, que remonta à época anterior ao descobrimento oficial do Brasil. O porto das Naus e o Porto de Tumiaru, formavam o Porto de São Vicente. O maciço Xixová-Japui-Itaipu, formavam a Ilha de Guaibe, fronteiriça ao Porto de Tumiaru, este, na Ilha de São Vicente.
“Da Ilha de Guaibe, onde é o Porto das Naus, defronte desta Ilha de São Vicente, onde todos estamos e da banda Sul, partem com a barra e porto da dita Ilha de Guaibe, e desta de São Vicente, que é onde ancoram as naus quando vem para este porto de São Vicente”, (Frei Gaspar – Memória para a História da Capitania de São Vicente – pág. 49/texto de 1536).
O Padre José de Anchieta, em uma de suas cartas diz que: “São Vicente era rica e hoje é pobre porque perdeu sua barra”. Pesquisando chegaremos à verdadeira história de São Vicente.
FONTE: Boletim do IHGSV.
Ao lado temos o mapa que consta no Atlas de 1868 de Cândido Mendes, publicado em boletim do IHGSV.
Tendo em vista que na época do descobrimento os mapas eram elaborados de acordo com a visão que os navegadores tinham olhando do mar, nota-se que a geografia da área é um pouco diferente da realidade.
Também, mapa com a SUPOSIÇÃO de como poderia ter sido a Barra Sul de conformidade com a teoria defendida pelo Professor Teleginski.
(O Professor Teleginski é especializado em terras, divisas e territórios, sendo autoridade nessas matérias e participação preponderante no projeto que instituiu o Parque Estadual Xixová-Japuí).
Seus conceitos para a Barra Sul:
SÃO VICENTE TINHA BARRA PRÓPRIA PARA O MAR.
ERA A TERCEIRA BARRA OU BARRA SUL
Documentos - Pe. José de Anchieta em 1585 escreveu dizendo que São Vicente fora, antigamente, porto de mar. Palavras textuais: “Mas depois, com a corrente das águas e de terras do monte se tem fechado o canal, nem podem chegar as embarcações por causa dos baixos e arrecifes.” (Porto Seguro - História Geral do Brasil - I Vol. pág. 155)
Fernão Cardim, na mesma época observa, em relação a São Vicente, que:
“Foi rica, agora é pobre por se lhe fechar o porto de mar e barra antiga.”
(Fernão Cardim - Tratado da Terra e Gente do Brasil - pág. 315/316).
Para melhor compreensão dos fatos, cumpre alertar para o seguinte: - A Vila São Vicente foi destruída pelo mar, entre 1542 a 1545. Os documentos que falam da Barra de São Vicente tratam da barra por onde entrou a armada de Martim Afonso. Não se referem ao canal estreito, como sempre sobre o qual atravessa a Ponte Pênsil, por onde caravelas de 150 toneladas de calado não passariam senão com grande risco de acidente.
Frei Gaspar da Madre de Deus, no livro MEMÓRIAS PARA A HISTÓRIA DA CAPITANIA DE SÃO VICENTE, pág. 46 e seguintes, irrita-se e se embaraça, quando fala sobre a Barra de São Vicente. Ele faz confusão, não sei se proposital, entre o canal da Ponte Pênsil e a antiga barra de São Vicente, ou Barra Sul.
São palavras suas:
"É opinião ou erro comum que a esquadra de Martim Afonso entrou pela mencionada Barra de São Vicente. Dizem eles, que nesse tempo ela conservava fundo suficiente para naus maiores e que depois se areara e hoje somente é capaz de canoas.” pág. 46.
Na pág. 48:
“Ainda teimam os moradores desta Vila, que todos os navios antigamente entravam pela sua barra e davam fundo no Porto de Tumiaru.”
O mesmo Frei Gaspar traz um documento de Sesmaria dada em 31 de dezembro de 1536, a Estevão da Costa, por Gonçalo Monteiro, vazado nestes termos: (documento anterior à destruição da Vila)
“Da Ilha de Guaibe, onde é o Porto das Naus, defronte desta Ilha de São Vicente, onde todos estamos..... e da banda do Sul partem com a barra e Porto da dita Ilha de Guaibê, e desta de São Vicente, que é onde ancoram as náus quando vem para este porto de São Vicente.”
JERÔNIMO LEITÃO ao pedir o uso do Porto das Naus, dentre outras coisas, diz em seu requerimento:
“Martim Afonso ........ deu na dita terra ao Conselho um tiro de arco em roda, para varadouro dos navios “ (porque naquele tempo parece que varavam ali). (doc. de 1580 posterior à destruição da Vila).
Confirmando tudo o que acima ficou dito, quero trazer ao conhecimento dos leitores, um documento que reputo de grande valia para o tema em exame. Trata-se da doação que fez Pero Correia, à Casa da Companhia da Ilha de SãoVicente, das terras que recebera em Sesmaria, de Gonçalo Monteiro, em 1542:
“... digo ser verdade que no livro do tombo são duas cartas registradas das terras que Gonçalo Monteiro sendo Capitão deu ao dito Pero Correia. A primeira que foi dada que é defronte desta ilha e Vila de São Vicente que era antes dada pelo Governador a um Mestre Cosme Bacharel, que o dito Gonçalo Monteiro houve por devoluta, começa a partir do Porto de Naus ......... Começou a partir que é no dito Porto das Naus, ficara um rocio de um tiro de arco, assim como foi mandado e ordenado pelo senhor Governador que fica livre e desembargado para quando as naves ali ancorassem.”
(Serafim Leite - História da Companhia de Jesus no Brasil - Tomo I - Ed. 1938)
Esse documento lavrado em cartório, em 1553 dá conta, de maneira inequívoca sobre a real situação da Vila de São Vicente, antes do fenômeno marinho que a destruiu em 1542/45
Outra feição importante é situar a Ilha de Guaibê, que não é outra senão o belo maciço que se estende desde o Porto das Naus, Prainha (praia de Paranapuã ou das Vacas) até a Fortaleza de Itaipu.
Anos atrás poder-se-ia ir de canoa do Mar Pequeno, até a ponta de ltaipu, por água, sem pisar em terra firme, em dia de maré alta (com o assoreamento e depois canalização do rio, isto não é mais possível).
Resta, ainda, também, o maciço tornado Parque Ecológico por Decreto Estadual de nº 37.536 de 27/09/93.
Neste particular, São Vicente é, também, pioneira.
A antiga Ilha de Guaibê é Parque Estadual, unidade de preservação de relevante significado científico, cultural e ambiental.
Desde 1988 a UNESP vem desenvolvendo trabalhos de ensino e de pesquisa na região, através de seu Centro de Ensino e Pesquisa do Litoral Paulista - CEPEL. Conta atualmente, com o aporte técnico-científico e diversas equipes de docentes dos diferentes “campus” da Universidade espalhados pelo Estado. Além de estarem sendo desenvolvidos inúmeros projetos para o aperfeiçoamento e especialização dos profissionais em biologia, microbiologia, oceanografia e outros profissionais da baixada santista, existem, em andamento, pesquisas científicas, neste Parque, pioneiras no mundo, como é o caso da absorção e transformação dos poluentes pesados, por organismos vivos das águas marinhas.
Hoje, o estudo da biodiversidade representa, para o amanhã, riqueza de projeção incalculável.
Nesse Parque de 901,00 hectares razoavelmente preservado, biodiversidade e os ecossistemas de Mata Atlântica guardam, ainda, características notáveis.
O Parque, além de servir de pouso e reprodução de aves migratórias, apresenta, ainda, moluscos e outras espécies marinhas que não existem mais, em outros lugares da região.
Com a criação do Parque Xixová-Japuí, São Vicente não terá problemas com favelas em morros. Quando desaparecerem as favelas urbanas, com o desenvolvimento das populações hoje carentes, São Vicente prosseguirá desenvolvendo sua vocação histórica de cidade pioneira do Brasil.
Ilha Porchat, 11 de Janeiro de l995.
Dr. Antonio Teleginski.
Fonte: http://www.reocities.com/Athens/acropolis/6710/barra.htm
Publicações
Documentos: Pe José de Anchieta em 1585 escreveu dizendo que São Vicente fora, antigamente, porto de mar. Palavras textuais, " É (São Vicente) situada em uma ilha que tira seis milhas em largo e nove em circuito, antigamente era porto de mar e nelle entrou Martim Affonso a primeira vez com sua frota, mas, depois com a corrente das aguas de terra do monte se tem fechado o canal, nem podem chegar as embarcações por causa dos baixos e arrecifes . - Anchieta, informações e fragmentos históricos , 44 - (C.). (Porto Seguro - História Geraldo Brasil - Tomo Primeiro, página 155.