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São Vicente / SP , 14 de março de 2025.
Quanto mais pessoas divulgarem, outras salvarem e também divulgarem, mais as imagens e acontecimentos históricos serão preservados. Aqui, minha contribuição e das fontes colaboradoras para que isso aconteça. – Jorge S. Filho
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09/01/2013
História de São Vicente
A BARRA SUL E O PORTO DE SÃO VICENTE

Conforme estudos do Professor Antonio Teleginski, sua teoria para a Barra Sul


(O teor desta matéria não se encontra nos anais aceitos da história de São Vicente. São hipóteses a serem esclarecidas se for o caso, talvez, por quem se interessar, que tenha tempo e um bom dinheiro para isso).


Barra Sul - Veja em http://www.geocities.ws/athens/acropolis/6710/barra.htm

Há segredos ainda não desvendados na história da primeira Vila do Brasil, denominada pelos índios de Ipanema e batizada pela expedição de Américo Vespúcio, de São Vicente.
É incontroverso que São Vicente, antes de 22 de janeiro de 1502, era porto conhecido e freqüentado pelos aventureiros dos mares. Martim Afonso quando veio de Cananéia para instalar aqui o primeiro núcleo da civilização ocidental no Brasil, ancorou no porto de São Vicente, entrando pela Barra Sul.
A Barra Sul era conhecida também por “Rio de São Vicente” porque antes de 1543 o Rio Piassabuçu desembocava no Oceano Atlântico no sopé do pontão do Morro do Itaipu, na Praia Grande. Em 1543, houve um maremoto que alterou a geomorfologia da região. O cataclisma destruiu a vila construída por Martim Afonso. Mergulhadores retiraram do fundo do mar os sinos da igreja e o pelourinho por ele construído. Depois desse desastre ecológico, a Barra Sul tornou-se imprópria para a navegação de navios de médio e grande porte.
Em 22 de janeiro de 1502, a expedição de Américo Vespúcio, comandada por Nuno Manoel, percorreu a costa brasileira de Norte para o Sul. Avaliou as riquezas do litoral e batizou com o nome dos Santos do dia da chegada, os lugares mais importantes, como se vê do relatório designado à posteridade o dia a que a elas aportava, do modo seguinte:
“A 22 do dito (mês de janeiro) NO PORTO DE SÃO VICENTE”, ou seja, no dia 22 de janeiro, as três caravelas ancoravam no porto que, a partir daquele instante passou a designar-se de São Vicente. (Varnhagem 7ª edição / pág. 83).
Vespúcio batizou São Vicente como PORTO e não como um lugar qualquer. Daí, a certeza histórica da antiguidade do PORTO DE SÃO VICENTE, que remonta à época anterior ao descobrimento oficial do Brasil. O porto das Naus e o Porto de Tumiaru, formavam o Porto de São Vicente. O maciço Xixová-Japui-Itaipu, formavam a Ilha de Guaibe, fronteiriça ao Porto de Tumiaru, este, na Ilha de São Vicente.
“Da Ilha de Guaibe, onde é o Porto das Naus, defronte desta Ilha de São Vicente, onde todos estamos e da banda Sul, partem com a barra e porto da dita Ilha de Guaibe, e desta de São Vicente, que é onde ancoram as naus quando vem para este porto de São Vicente”, (Frei Gaspar – Memória para a História da Capitania de São Vicente – pág. 49/texto de 1536).
O Padre José de Anchieta, em uma de suas cartas diz que: “São Vicente era rica e hoje é pobre porque perdeu sua barra”. Pesquisando chegaremos à verdadeira história de São Vicente.
FONTE: Boletim do IHGSV.

Ao lado temos o mapa que consta no Atlas de 1868 de Cândido Mendes, publicado em boletim do IHGSV.
Tendo em vista que na época do descobrimento os mapas eram elaborados de acordo com a visão que os navegadores tinham olhando do mar, nota-se que a geografia da área é um pouco diferente da realidade.
Também, mapa com a SUPOSIÇÃO de como poderia ter sido a Barra Sul de conformidade com a teoria defendida pelo Professor Teleginski.
(O Professor Teleginski é especializado em terras, divisas e territórios, sendo autoridade nessas matérias e participação preponderante no projeto que instituiu o Parque Estadual Xixová-Japuí).
Seus conceitos para a Barra Sul:

SÃO VICENTE TINHA BARRA PRÓPRIA PARA O MAR.
ERA A TERCEIRA BARRA OU BARRA SUL

Documentos - Pe. José de Anchieta em 1585 escreveu dizendo que São Vicente fora, antigamente, porto de mar. Palavras textuais: “Mas depois, com a corrente das águas e de terras do monte se tem fechado o canal, nem podem chegar as embarcações por causa dos baixos e arrecifes.” (Porto Seguro - História Geral do Brasil - I Vol. pág. 155)
Fernão Cardim, na mesma época observa, em relação a São Vicente, que:

“Foi rica, agora é pobre por se lhe fechar o porto de mar e barra antiga.”
(Fernão Cardim - Tratado da Terra e Gente do Brasil - pág. 315/316).

Para melhor compreensão dos fatos, cumpre alertar para o seguinte: - A Vila São Vicente foi destruída pelo mar, entre 1542 a 1545. Os documentos que falam da Barra de São Vicente tratam da barra por onde entrou a armada de Martim Afonso. Não se referem ao canal estreito, como sempre sobre o qual atravessa a Ponte Pênsil, por onde caravelas de 150 toneladas de calado não passariam senão com grande risco de acidente.
Frei Gaspar da Madre de Deus, no livro MEMÓRIAS PARA A HISTÓRIA DA CAPITANIA DE SÃO VICENTE, pág. 46 e seguintes, irrita-se e se embaraça, quando fala sobre a Barra de São Vicente. Ele faz confusão, não sei se proposital, entre o canal da Ponte Pênsil e a antiga barra de São Vicente, ou Barra Sul.
São palavras suas:
"É opinião ou erro comum que a esquadra de Martim Afonso entrou pela mencionada Barra de São Vicente. Dizem eles, que nesse tempo ela conservava fundo suficiente para naus maiores e que depois se areara e hoje somente é capaz de canoas.” pág. 46.

Na pág. 48:
“Ainda teimam os moradores desta Vila, que todos os navios antigamente entravam pela sua barra e davam fundo no Porto de Tumiaru.”
O mesmo Frei Gaspar traz um documento de Sesmaria dada em 31 de dezembro de 1536, a Estevão da Costa, por Gonçalo Monteiro, vazado nestes termos: (documento anterior à destruição da Vila)
“Da Ilha de Guaibe, onde é o Porto das Naus, defronte desta Ilha de São Vicente, onde todos estamos..... e da banda do Sul partem com a barra e Porto da dita Ilha de Guaibê, e desta de São Vicente, que é onde ancoram as náus quando vem para este porto de São Vicente.”

JERÔNIMO LEITÃO ao pedir o uso do Porto das Naus, dentre outras coisas, diz em seu requerimento:
“Martim Afonso ........ deu na dita terra ao Conselho um tiro de arco em roda, para varadouro dos navios “ (porque naquele tempo parece que varavam ali). (doc. de 1580 posterior à destruição da Vila).
Confirmando tudo o que acima ficou dito, quero trazer ao conhecimento dos leitores, um documento que reputo de grande valia para o tema em exame. Trata-se da doação que fez Pero Correia, à Casa da Companhia da Ilha de SãoVicente, das terras que recebera em Sesmaria, de Gonçalo Monteiro, em 1542:

“... digo ser verdade que no livro do tombo são duas cartas registradas das terras que Gonçalo Monteiro sendo Capitão deu ao dito Pero Correia. A primeira que foi dada que é defronte desta ilha e Vila de São Vicente que era antes dada pelo Governador a um Mestre Cosme Bacharel, que o dito Gonçalo Monteiro houve por devoluta, começa a partir do Porto de Naus ......... Começou a partir que é no dito Porto das Naus, ficara um rocio de um tiro de arco, assim como foi mandado e ordenado pelo senhor Governador que fica livre e desembargado para quando as naves ali ancorassem.”
(Serafim Leite - História da Companhia de Jesus no Brasil - Tomo I - Ed. 1938)

Esse documento lavrado em cartório, em 1553 dá conta, de maneira inequívoca sobre a real situação da Vila de São Vicente, antes do fenômeno marinho que a destruiu em 1542/45

Outra feição importante é situar a Ilha de Guaibê, que não é outra senão o belo maciço que se estende desde o Porto das Naus, Prainha (praia de Paranapuã ou das Vacas) até a Fortaleza de Itaipu.
Anos atrás poder-se-ia ir de canoa do Mar Pequeno, até a ponta de ltaipu, por água, sem pisar em terra firme, em dia de maré alta (com o assoreamento e depois canalização do rio, isto não é mais possível).
Resta, ainda, também, o maciço tornado Parque Ecológico por Decreto Estadual de nº 37.536 de 27/09/93.
Neste particular, São Vicente é, também, pioneira.
A antiga Ilha de Guaibê é Parque Estadual, unidade de preservação de relevante significado científico, cultural e ambiental.
Desde 1988 a UNESP vem desenvolvendo trabalhos de ensino e de pesquisa na região, através de seu Centro de Ensino e Pesquisa do Litoral Paulista - CEPEL. Conta atualmente, com o aporte técnico-científico e diversas equipes de docentes dos diferentes “campus” da Universidade espalhados pelo Estado. Além de estarem sendo desenvolvidos inúmeros projetos para o aperfeiçoamento e especialização dos profissionais em biologia, microbiologia, oceanografia e outros profissionais da baixada santista, existem, em andamento, pesquisas científicas, neste Parque, pioneiras no mundo, como é o caso da absorção e transformação dos poluentes pesados, por organismos vivos das águas marinhas.

Hoje, o estudo da biodiversidade representa, para o amanhã, riqueza de projeção incalculável.
Nesse Parque de 901,00 hectares razoavelmente preservado, biodiversidade e os ecossistemas de Mata Atlântica guardam, ainda, características notáveis.
O Parque, além de servir de pouso e reprodução de aves migratórias, apresenta, ainda, moluscos e outras espécies marinhas que não existem mais, em outros lugares da região.
Com a criação do Parque Xixová-Japuí, São Vicente não terá problemas com favelas em morros. Quando desaparecerem as favelas urbanas, com o desenvolvimento das populações hoje carentes, São Vicente prosseguirá desenvolvendo sua vocação histórica de cidade pioneira do Brasil.


Ilha Porchat, 11 de Janeiro de l995.

Dr. Antonio Teleginski.
Fonte: http://www.reocities.com/Athens/acropolis/6710/barra.htm



Publicações

Documentos: Pe José de Anchieta em 1585 escreveu dizendo que São Vicente fora, antigamente, porto de mar. Palavras textuais, " É (São Vicente) situada em uma ilha que tira seis milhas em largo e nove em circuito, antigamente era porto de mar e nelle entrou Martim Affonso a primeira vez com sua frota, mas, depois com a corrente das aguas de terra do monte se tem fechado o canal, nem podem chegar as embarcações por causa dos baixos e arrecifes . - Anchieta, informações e fragmentos históricos , 44 - (C.). (Porto Seguro - História Geraldo Brasil - Tomo Primeiro, página 155.

 

Fernão Cardim, na mesma época observa em relação a São Vicente que: " Foi rica, agora é pobre por se lhe fechar o porto de mar e barra antiga. " (Fernão Cardim - Tratado da Terra e Gente do Brasil - pags. 215/216).
 

 

 

Podia-se, ir de canoa, do Mar Pequeno até a ponta de Itaipu por água, sem se pisar em terra firme em dia de maré alta.
( Na verdade esse relato é antigo e isso não se pode mais conforme fotos abaixo. O rio havia se transformado em uma vala cheia de mato, aterrado próximo à encosta do forte e, presentemente, totalmente canalizado ).

Na imagem abaixo, a hipótese: O curso do rio estreitado e agora canalizado que faz o maciço ser ainda uma ilha.
 

ABAIXO, A CANALIZAÇÃO DO RIO QUE VIROU VALA
 

Na hipótese, é isto que resta ainda da Barra Sul de São Vicente. e o maciço tomado Parque Ecológico por Decreto Estadual de Nº 37.536 de 27 / 9 / 1993.
A antiga Ilha de Guaibê é o Parque Estadual, unidade de preservação de relevante significado científico, cultural e ambiental.
Onde hoje é considerado o Porto das Naus, era o Trapiche do Leitão, quem explorava um engenho no Morro conforme demonstrado na imagem acima com o nome de Povoado do Bacharel.

Outros indícios não considerados, de ter existido a Barra Sul ou Barra de São Vicente são as ilustrações a seguir:


Diz o ditado: "Onde há fumaça, há fogo". 

Aplicando-se o ditado ao exposto nesta página, podemos dizer que os indícios apresentados são a fumaça, entretanto, nunca tentou-se achar o fogo.

Posso adiantar aos pesquisadores ou historiadores interessados que a busca do Mapa que contém essa 3ª barra citado pelo Dr. Antonio Teleginski, não será no âmbito federal,  conforme pesquisa junto à Biblioteca Nacional mostrada no e-mail abaixo:


No âmbito estadual, pelo menos o Instituto Geográfico e Cartográfico também não dispõe desse mapa conforme e-mail abaixo.
O mapa procurado é o do relato do Professor Teleginski onde disse a mim (Jorge), ter ganho tal documento de um amigo seu do governo. Posteriormente, o professor doou-o ao IHGSV e lá desapareceu. Não disse e não me ocorreu  perguntar na época,  se seu amigo era do governo federal ou estadual, então, há de se pesquisar todas as possíveis fontes. Se realmente existe esse mapa, logicamente não foi produzida somente uma unidade dele e, assim sendo, em algum lugar haverá um outro exemplar.

Faltará pesquisar o Instituto Hidrográfico que, será por conta dos próximos eventuais interessados.
 
 
 

 

 

 

 


FIM DA MATÉRIA



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FONTES COLABORADORAS

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