09/01/2013
História de São Vicente
AMÉRICO VESPÚCIO - O NAVEGADOR QUE BATIZOU SÃO VICENTE
AMÉRICO VESPÚCIO
O navegador que batizou São Vicente
Ele deu seu nome à América. Homem brilhante da renascença florentina, filho de família nobre e antiga. Pela dignidade de sua origem e afabilidade de conviver com sábios, Américo Vespúcio acumulou conhecimentos científicos notáveis. Em 1492 foi enviado a Sevilha a serviço do banqueiro Lourenço di Médici. Espanha e Portugal fervilhavam de entusiasmo pelas descobertas náuticas. Fernando Pó chegara até o Equador; Bartolomeu Dias ao Cabo da Boa Esperança. Mas era Colombo que se sobressaía na época.
A paixão pela ciência falou mais alto e Vespúcio, entusiasmado pelas proezas de Colombo, decidiu-se pela ciência náutica. Em 1494 apareceu sua grande oportunidade: Alonso de Ojeda preparou uma expedição pretendendo chegar a nova terra. Vespúcio seguiu como cosmógrafo ou piloto, ou ainda, segundo alguns, como comandante de duas caravelas subvencionadas por sua própria casa comercial e, a 18 de maio de 1499, surgiu o continente. Vespúcio foi então aclamado pela tripulação com o seguinte brado: “Colombo em 70 dias; Américo em 23!”. Estavam a altura da Guiana Francesa. No dia seguinte, Vespúcio zarpou para o sul para dobrar o lendário Cabo de Catingara. Após alguns dias de navegação, um fenômeno alarmou a tripulação: a água do mar era doce! e, por mais que navegassem assim continuava. Desconfiado de que se achava próximo de alguma foz cujo volume de água deveria ser imenso, teve o pressentimento de encontrar-se diante de uma terra nova e bastante extensa. Sendo assim, decidiu baixar duas chalupas (antigo navio a vela), levando consigo homens de confiança. Seguiu pela costa e, ante seus olhos atônitos, descortinou-se uma paisagem surpreendente. Seis meses antes de Pinzón, Vespúcio descobria o Rio Amazonas. Depois foi costeando o Brasil até ao Cabo de São Roque e pôs o pé naquela região, ao que parece, meses antes de Cabral. Em junho de 1500, Américo Vespúcio retornou a Espanha aclamado pelo povo. Sabendo que suas descobertas interessavam muito mais a Portugal do que à Espanha, ofereceu seus serviços a Dom Manuel I que desejava preparar uma expedição costeadora do continente. Foi logo nomeado comandante pelo rei de Portugal e partiu de Lisboa em março de 1500, ultrapassando os limites da primeira expedição pór mais de 2300 milhas. Parava freqüentemente ao longo da costa, analisava a diversidade da fauna e flora e consolidava a hipótese de ter tocado uma terra desconhecida. Navegou até perto do estréio que separa a América do Sul da Terra do Fogo. Américo Vespúcio regressou da expedição em 1502 quando, passando pela nossa costa, adentrou nossa barra e, sendo o dia 22 de janeiro, batizou-a com o santo da data: São Vicente. Já em 1508, a Coroa Espanhola conferiu-lhe a maior honraria: “Piloto Mayor”. O navegador morreu subitamente em 1512.
FONTE: Boletim do IHGSV.
Baixada Santista, formação e colonização
1501 - A primeira expedição verdadeiramente exploradora da costa brasileira foi a de 1501, sob o comando de André Gonçalves, trazendo como piloto ou cosmógrafo, o célebre Toscano (florentino), Américo Vespúcio, na condição de chefe técnico da expedição.
Essa expedição foi composta de três naus que chegaram à costa brasileira, no dia 7 de agosto de 1501, ancorando os navios a 5º 3’ e 41” de latitude sul, defronte do lugar hoje chamado Arraial do Marco, situado na parte superior da costa do estado do Rio Grande do Norte, distante do Cabo de São Roque, cerca de 45 milhas, e, a partir daí, rumando para o Sul, plantando padrões, fazendo sondagens, traçando cartas e roteiros. Foram elaborando as primeiras denominações com nomes cristãos.
Surgiram assim:
o Cabo São Roque, denominado a 16 de agosto de 1501;
o Cabo de Santo Agostinho, a 28 do mesmo mês;
o Rio São Francisco, a 4 de outubro;
a Baía de Todos os Santos, a 1 de novembro;
o Cabo de São Tomé, a 21 de dezembro;
o Rio de Janeiro, a 1 de janeiro de 1502;
Angra dos Reis, a 6 de janeiro;
São Sebastião, a 20 do mesmo mês;
São Vicente a 22 de janeiro, e
por fim Cananéia ou Cananor, último ponto da costa estabelecido por Vespúcio, apesar de saber-se, pela primeira carta do florentino, que a armada desceu até a altura de 32º, vizinhança do Rio da Prata, correndo territórios colocados fora dos direitos de Portugal pelo Tratado de Tordesilhas.
O eminente Dr. Sóphus Ruge, catedrático do Instituto Politécnico Real de Dresde, em sua preciosa “História da Época dos Descobrimentos”, prefaciada e anotada pelo professor Manuel Oliveira Ramos, mestre de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa -à pág. 298, apresenta a mesma relação de batismos vespucianos, citando os rios de São Miguel e de Santa Lúcia (hoje Rio Doce) conforme o mapa de Vaz Dourado, de 1571.
Não há dúvidas quanto à viagem e quanto à participação preponderante de Vespúcio na expedição portuguesa de 1501, em conseqüência da qual apareceram de pronto, na Europa, a carta geográfica de Canerio e a de Cantino, em 1502, sendo que esta apenas não incluía São Vicente, as de Kunstmann, números II e III, no ano seguinte e outras.
Também a Geografia de Ptolomeu, a obra impressa em 1508 em Roma, mas composta, nos quatro anos que se seguiram à volta da expedição de 1503, foi reduzida em relação ao Novo Mundo, com as revelações do famoso cosmógrafo, tendo por base as cartas de Canerio, Cantino e os manuscritos do florentino, contendo o mapa-mundi de João Ruysch, o célebre geógrafo alemão, em que figuram todos os últimos descobrimentos portugueses, acabados de revelar por Vespúcio.
É importante destacar uma carta em que Vespúcio descreve toda a viagem de 1501. Diz o seguinte:
-“...Depois partimos para Lisboa, de onde distanciávamos 300 léguas da banda de l”oeste, e entramos a salvamento, Deus Louvado, neste ponto, aos 7 de setembro de 1502, com duas naus somente, porque a outra foi queimada na Serra Leoa, por não poder navegar mais.”
Pouco depois, em 1504, numa carta de Lisboa para Paris, dirigida a Lorenzo di Pier Francesco dei Médici, Vespúcio fez a apreciação da natureza do país que visitara.
E, finalmente, em sua primeira carta, cujos trechos principais transcrevemos, e que constitui o seu verdadeiro “Diário de Viagem”, Vespúcio declara haverem trazido em uma das naus da expedição um “bacharel” degredado por Dom Manuel a cumprir pena na nova terra, e que esse “bacharel” foi deixado por eles em Cananor (ou Cananéia atual).
Com a revelação das cartas de Vespúcio, foi esclarecido o “mistério” da vida do famoso “bacharel” identificado pelos espanhóis como Duarte Peres, e por nós como mestre Cosme Fernandes Pessoa, que tão importante papel iria desempenhar na história inicial de São Vicente do Brasil, como remoto iniciador - fundador das tais primeiras povoações surgidas na nossa costa, e que seriam as Vilas e Cidades de Cananéia, Iguape e São Vicente.
Não há contestação de que o “bacharel” mestre Cosme foi o fundador do povoado de São Vicente, elevado oficialmente a Vila por Martim Afonso em 1532.
São Vicente (rio, porto, ilha e depois região e povoados) é nome que já aparece como vimos nos mapas de Canério e Cantino (1502), nos de Kunstmann número I e II (1503), de João Ruysh (1506/1508) incluído na geografia de Ptolomeu (1508), e no de Martim Waldseemuller (Hylacomylus) de 1507, incluído em sua cosmografia, sob várias formas: San Vincentio, Sambicente, San Vicenzo, San Vicenti e São Vicente.
Consta que a armada de Martim Afonso, em fins de 1531, lançou ferros no ancoradouro de Bertioga, junto à ilha de Santo Amaro, no porto natural ali formado, em fundo em mais de dez braças.
Naquela barra teria ele, segundo a maioria dos autores e historiadores, construído a primeira estacada ou primeiro fortim, da banda do continente, que guarnecera com artilheiros e soldados. Ali teria recebido a visita de João Ramalho e Tibiriçá, acompanhado de quinhentos guerreiros guaianases, parlamentando pela primeira vez sobre a oficialização da Vila de São Vicente.
A instalação por ordem de Martim Afonso da primeira estacada, da banda do continente (hoje Forte São João ou São Thago), deveu-se provavelmente por recomendação de João Ramalho para proteger a Vila de São Vicente dos freqüentes ataques dos ferozes Tamoios (tupinambás), que arrastando legiões imensas de guerreiros vindos de Ubatuba e São Sebastião, adentr5avam o então rio Bertioga e atacavam as terras produtivas, roças e fazendas (até Enguaguaçu e São Vicente).
FONTE: Boletim do IHGSV